Chocolate

Fui possuído pelo doce espírito da ambição.

Posso garantir-lhes que ainda ouvirão falar de mim. Muito, podem confiar.

A minha vingança só poderia escolher uma única vítima: eu.

Agora, busco novo pseudônimo.

Em Abril de 2012, caso ainda esteja nesta órbita, prometo que invadirei o centro midiático global.

Parece loucura, e é. Resolvi acreditar num sonho primitivo. Pesadelo, talvez.

Agora, tenho que ir. Volto logo.

Este blog está cancelado.

Maracutaia

No trecho que padres, pastores, missionários não leram, ou inocentemente esqueceram de divulgar aos fiéis (ovelhas alienadas), resumo a Bíblia e seus dez mandamentos: “A loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens”, I Cor:1:25.

Repto

Consegue fazer melhor ou fica aí só reclamando, invejando o sucesso alheio, procurando falhas onde tudo funciona?

Asfalto II

Hoje, cursa o curso mais concorrido do Estado.

A carreta lhe foi dada aos 17 anos, presente de aniversário.

Arapuca sexual movida a uísque importado e indecoro familiar.

Ao todo, vitimou 740 pobres – mutilados, enterrados, paralisados, desrespeitados.

A diversão no final de semana é espancar travestis – picos de adrenalina e poder.

Papai tem os melhores advogados, conhece Deus e o diabo. Ele é a Lei.

No Brasil, é a Lei.

Reich

– A paz mundial? Ah, a paz...

– Ela não está aí? Já chegou? Já saiu? Quando vai voltar?
– Calma! Quanta ansiedade! Por que tanto interesse na paz? Ela é tão importante a você?
– O senhor não a tem? Pode trazê-la de volta?
– Não a tenho, mas poderia sintetizá-la...
– Com pão, vinho, diamantes?
– Sim, e você não gostaria de nada disso... Eu prefiro o continuísmo. Deixe tudo como está. A paz é a utopia. É boa nos sonhos; na real, seria o maior dos pesadelos. O mundo está habituado ao terror, às guerras, ao noticiário perturbador. Deixe tudo como está, meu caro! Você é um visionário, vê por ângulos pouco confortáveis, tem urgência de revolução. Um dia será grande, assim como eu! Sentará nesta cadeira! Mas agora, volte a sua casa, arrume sua cama, tire boas notas na escola, conheça bem o seu bairro... Então, volte aqui e me convença a salvar o mundo.

Brasil II

A miséria denuncia, paralisa, arrebenta qualquer ordem ou progresso.

Porra III

O bebê encontra proteção e carinho na sucção proteica. É o puro, primitivo, instintivo contato genitora-criaturinha.

Eis a evolução leitosa, impudica, altamente sensorial: “boquete”.

Porra II

Ótimo creme facial.

Fortalece a magreza, emagrece a gordura.
Deixa rindo à toa.
Previne a violência urbana (estresse? Falta de quê?).

Asfalto

Quis imitar o flash.

A vida passa num flash.

Tão jovem, rebelde, indecifrável.

Para que tanta pressa?

Bebeu, fodeu, morreu.

Calou-se nos mistérios da religião, há 250 quilômetros por hora.

Fuga

Escrevo. Não sei o quê. Não sei por quê. Não sei daonde. Não sei por onde. Não sei pra quem. Não sei de quem. Só sei o seguinte: namoro a culta princesa papaverávea. Ela me deturpa. Escolhi a droga sensata. Continuo saudável.

Voga

O plano de destruição muscular ficou com o rapaz – consistia na diária puxação de ferros durante seis horas. À moça veio a promessa esquelética das passarelas midiáticas.

Era o casal mais lindo da cidade.
Agora sim, com certeza.
Ele, comendo feito um porco, ingerindo o triplo de proteínas necessárias a sua sobrevivência, ameaçava estourar a justíssima camiseta pólo todas as vezes que movia os braços ou respirava.
Ela, vomitando água, pesando poucas gramas, só pele, ossos e algumas veias verdes na epiderme pálida, voava com estilo, buscando ouro e glamour, tal qual seu namorado.
Naquela festaapenas outra referência externa para alimentar a loucura – eles roubaram, com enorme sadismo, todas as atenções, ofuscando até os convidados mais ilustres.
Queriam uma cura para os traumas de infância – o magricela excluído, a gorda ridícula – e conseguiram, através de um corpo perfeito. Encontraram a droga cicatrizante para as feridas da alma.
Todo dia, em frente ao espelho, enxergavam a maldade. E a maldade chamaria a depressão e o suicídio combinado, caso fossem feios.
Não podiam voltar à marginalidade do status social. A mesmice seria um orgasmo seco, broxamento insonhável para aqueles que se habituaram a gozar entre os holofotes e a morte.
Aquela ambição teve o seu preço.
Ele é vigoréxico; ela é anoréxica.
E representam um ideal estético.
Estão no caminho certo. Pude ver na admiração coletiva.

Gênese

Não penso.

Existe o copiar-colar.

Delírio

Não cito nomes.

Não quero me queimar.

Posso jogar em dois, três, onze, 66, 77 times diferenciados.
Dou tempo ao tempo.
No momento certo, mostro a minha face.
No momento certo, tomo as rédeas do maquinismo.
Terei o poder nas mãos.
Terei aquilo que a minha existência almeja.
Fabularei em tons maquiavélicos.
A maior de todas as mentiras.
Para todos quererem acreditar.
Para transformarem-na em verdade.

Vídeo

A periguete gostosa não pensou em abortar; da sua lubrificada genitália, o smartphone saiu, e sem nenhum arranhão. Tudo gravado num misto de computação gráfica e fetiche tecnológico. A bateria já tinha carga XXX três pauzinhos. Ela riu, segurou o filho, começou a usar.

Real

A maldade humana – e só existe maldade humana – não tem limites.

Dúvidas?

Ligue a sua TV.

Guerra

O ódio deveria uni-los, pois em tudo divergiam. O clamor egocêntrico implorou paus, pedras, sangue, vidas ceifadas. Daquele encontro, somente o forte triunfaria. Mas os dois amigos tinham um pacto com a liberdade. Já não estavam sós. Abraçaram-se. Choraram todo o entalado da garganta. Nas diferenças mútuas, se conheceram e conheceram um pouco da ignorância humana.

Respeitaram-na.

Divã

Um dia, toda a minha loucura será perdoada.
Eles irão entender.
Só espero que não seja tarde, doutor.

Correção

Foda-se a gramática normativa.

Brasil

Aclamada, adorada, bolinada. A bunda é digna de amplo espaço nos pixels televisivos. A bunda feminina. A bunda carnavalesca. A bunda exibicionista. A bunda insaciável. A bunda de alma siliconada. A bunda de projeções abundantes. A bunda do fio cheiroso. A bunda das praias e academias. A bunda das capas de revista. Eu só penso em bunda. O mundo é a própria bunda. Bunda, bunda, bunda. A bunda que entorta pescoços. A bunda que tudo sabe e abarca. A bunda que incita guerras orgásmicas e micaretas religiosas. A bunda que me inicia nos prazeres púberes. A bunda da vizinha gostosa. A bunda das maiores bundas, anabólica imperatriz midiática.

A bunda veio nos salvar. A bunda se abre ao povo, abrindo largas esperanças. A bunda solta gases psicodélicos. A bunda provoca bulimias no juízo popular faminto. A bunda foi endeusada, arrombada no âmago de sua humildade e posta no comando geral. Tudo o que a bunda fala e faz, todos concordam. A bunda defeca nas escolas, delegacias, favelas, estradas. A bunda defeca nas bocas acomodadas. A bunda tem poderes místicos. A bunda é a cara de quem a vê. A bunda faz a cabeça do eleitorado, e todos sabem o que o eleitorado tem na cabeça. A bunda promete, mas nunca dá. A bunda ignora a corrupção. A bunda se prostitui, expelindo migalhas à audiência.

Milagre

Das tolices imagináveis, aquela cena foi a mais risível. Porém, agradeço a Deus pelo ocorrido. Aos meus olhos lacrimejantes, uma ação sobrenatural. Talvez, somente a eles.

Tempo

Se desconheço a morte, desconheço a vida.

Ajuda

O meu maior responsável, o meu espelho pérfido, o meu amigo intrínseco: eu.

Números

Penso em execuções, exibições, visualizações, seguidores, fóruns com membros, legiões de admiradores babacas. Penso em contadores grandiosos, talvez para me sentir importante. Penso tão baixo. Claro que posso mais. E de tanto pensar, descobri o tamanho da vaidade virtual.

Penso que podem hackeá-la.

Prático

O conteúdo teórico é facilmente arquivado em folhas de papel. Aquilo que eu quero fazer amanhã, daqui a alguns anos. Sorte daqueles corajosos que queimam tudo e passam a agir.

Um plano, sem ação, é sonho. Um doce e maldito sonho. Maldito, pois nunca se torna realidade.

Amor

O poder mais poderoso.

A força mais forte.

Pode abestalhar qualquer um.

E também salva.

É a única base moral.

Presente dO Criador.

Luz

Num primeiro instante, pelo início o fim já era conhecido. Naturalmente, pensei em desistir. Antes da conclusão, o espírito negro surgia com ósculos calculistas, carícias contestadoras e sugava mecanicamente todo o líquido místico e oleoso pertencente a mim. O fracasso havia sido injetado em meu corpo, e da forma mais cruel. Acreditando em meus sonhos, ainda assim deixei a criatura sinistra destruí-los.

O mar eufórico no qual flutuava, rico de ilusões, desejos, ingenuidades puras da juventude, foi contaminado pelas substâncias perniciosas daquele engenhoso mestre perverso. Ele saturou as águas virgens do meu divino estágio espiritual com tonéis de dúvidas, incertezas, perguntas complexas. E minha límpida alma escurecera.

Durante muito tempo aquele mar foi secando. O calor do medo fez as águas sumirem, juntamente com o espírito negro. Agora estou aqui, totalmente perdido, sem esperanças, dentro de um buraco sem vida. Já não consigo sonhar, já não consigo acreditar nos alicerces invisíveis que a ciência desconfia. De tanto ler, acabei cegando a intelectualidade de inexplicável certeza que todos nós temos, e que eu tinha.

A fé é o combustível de qualquer pensamento. A minha foi geneticamente alterada com tanta poluição. Eu a perdi. Preciso me hidratar.

Contato

Você, garoto que curte garotos, em alegre euforia de pau lambuzado e pulsante, na companhia de libidinosas ratazanas de musculatura hipertrofiada. Eles, em atitudes, odores e corpos de macho, levam-lhe ao orgasmo físico e mental. O prazer maior vem da incógnita cópula entre seres do mesmo sexo.

Você, jovem homossexual, entende que continuar ocultando sentimentos e desejos pornográficos dentro de um armário é ato de extrema covardia. E a covardia, irmã profana do medo, tem sido a constante perversa de toda a sua existência, a partir do momento que a consciência exterior acusou a proibição do amor entre dois homens.

Você, refém do silêncio, conhece em profundidade o poder nefasto do mesmo; continua preso, acorrentado, limitado aos dissabores da marginalidade por ocultar a sua verdadeira essência. Mantendo-se calado você lança álcool no fogaréu de seu próprio inferno psicológico; na tola ideia de agradar aos outros, você apóia o falso e corroído moralismo no qual a ignorância popular se escora.

Você, ingênuo amigo, foi agraciado pelo século XXI. Já não se mandam bruxas a fogueiras; a Terra gira em torno do Sol. O século de novas e medonhas realidades foi herdado pela geração da qual você faz parte. E essa geração – ainda que iludida em grande parte pela satânica e gloriosa máquina midiática mundial, com seus ídolos, modismos, gigabytes de informação e terabytes de alienados – não admite certas mentalidades retrógradas.

Você, outrora um alienígena, buscou e encontrou respostas. A primitiva droga esotérica que narcotizava a sua felicidade cedeu espaço para outra espiritualidade, sem dogmas estúpidos. O pensamento divino mostrou a realidade do caráter individual humano: não é validado pela nacionalidade, escolaridade, religião, etnia, raça, cor de pele, classe social, preferência política ou orientação sexual. A hipocrisia foi embora e agora você é autêntico em sua própria verdade. Você está livre, e pode libertar muitos com o seu belo exemplo.

Deus agradece.